O papel da tecnologia e dados no futuro dos esportes

No último artigo que escrevi, comentei sobre a Inteligência Artificial Generativa ser a última grande promessa de revolução do mercado, com aplicações que vão desde a otimização de processos até a personalização de estratégias de marketing e desempenho de equipes. Há poucos anos, falávamos de transformação digital como algo essencial para a evolução das empresas. Esse movimento em grande parte foi concluído, e apesar de algumas empresas ainda estarem lidando com legados antigos e físicos, uma próxima revolução já está acontecendo e se mostra cada vez mais necessária. Aqui trago uma reflexão sobre esse novo paradigma.

Hoje, a capacidade de empresas emergentes de aplicar ferramentas como a visão computacional — uma tecnologia que permite às máquinas reconhecer e descrever imagens automaticamente — tem aberto novas oportunidades no desenvolvimento de conteúdo e na melhoria da performance técnica. Inclusive, no meio esportivo. A digitalização mudou radicalmente a forma como o conteúdo esportivo é consumido. O que era uma simples transmissão televisiva evoluiu para uma experiência multi-formato, em que fãs podem acessar highlights, análises e estatísticas em tempo real, seja por plataformas de OTT ou redes sociais.

Esse cenário não se restringe apenas ao público que consome esse conteúdo, mas abre um leque de oportunidades para o próprio desenvolvimento técnico dos times. As análises de vídeo e performance, que antes demandavam horas de observação, hoje podem ser feitas em segundos. Isso permite uma abordagem data-driven tanto no campo quanto fora dele, com impacto direto nas estratégias de jogo e no gerenciamento de equipes. Um exemplo desse fenômeno é a startup paulistana iSPORTiSTiCS, que tem revolucionado a forma como o esporte é visto, analisado e compreendido. Combinando AI, analytics e visão computacional, a iSPORTiSTiCS transforma vídeos brutos de eventos esportivos em conteúdo enriquecido e altamente técnico. Isso tem permitido que federações, times e grandes grupos de mídia otimizem sua performance e maximizem suas entregas. Além disso, com mais de US$ 600 mil em investimentos e uma carteira de clientes robusta, a startup exemplifica o impacto direto que a tecnologia pode ter no desenvolvimento do setor.

Diante desse cenário, percebo que o esporte tradicionalmente resistente à mudança encontra-se em uma encruzilhada. As startups, como a iSPORTiSTiCS, trazem inovação e disrupção, forçando ligas, federações e grandes times a abraçarem a transformação digital. Empresas emergentes estão, de certa forma, liderando essa mudança, apontando caminhos e novas formas de pensar o esporte. Ao meu ver, esse é o momento de ressignificar a importância da tecnologia em moldar o futuro das competições esportivas e a necessidade de modernizar não só as práticas, mas também a mentalidade dos líderes esportivos. Afinal, adotar uma cultura baseada em dados já deixou de ser diferencial e se tornou requisito para a competitividade. No esporte, isso significa não apenas saber o que acontece durante uma competição, mas também prever tendências de desempenho, fadiga e até lesões.

Isso vale tanto para times de futebol, quanto para o mundo corporativo. Uma análise precisa de estatísticas de desempenho, seja de atletas ou de projetos empresariais, fornece insights valiosos e tomadas de decisões mais assertivas. Empresas que adotam uma cultura data-driven atualizam seus recursos, prevêem tendências de mercado e ajustam estratégias em tempo real.

Ainda assim, pensando nos desafios, percebo que uma das maiores dificuldades que a tecnologia enfrenta no esporte é a transformação cultural dos líderes. Um exemplo claro desse desafio pode ser observado na implementação de tecnologias de análise de desempenho no futebol brasileiro. Apesar do potencial dessas ferramentas para melhorar o desempenho dos jogadores e a estratégia dos times, muitos clubes ainda enfrentam resistência por parte dos líderes esportivos, que muitas vezes se deve ao baixo conhecimento técnico dos dirigentes e treinadores sobre como utilizar essas tecnologias de forma eficaz. Muitos líderes tradicionais preferem confiar em sua experiência e intuição, em vez de adotar uma abordagem baseada em dados. Isso cria um entrave significativo para a modernização e a competitividade dos clubes.

Esse entrave reflete uma realidade que não é exclusiva ao esporte. Em muitos setores, a inovação esbarra na resistência ao novo e na falta de educação digital de seus gestores. Para que a inovação tecnológica floresça, é essencial que grandes times, federações e ligas atuem como líderes dessa transformação. Assim, será possível acelerar a adoção de tecnologias avançadas e preparar o mercado para os desafios futuros. Afinal, as próprias Sports Techs já mostraram a que vieram, mas o futuro promete ainda mais. Nos próximos anos, veremos uma integração cada vez maior entre dados, AI e realidade aumentada, com impactos diretos, tanto no campo quanto fora dele. Com essas inovações, o esporte passa a ser um dos maiores laboratórios de desenvolvimento tecnológico do mundo, e as oportunidades para startups e empresas emergentes são imensas. A questão agora é: como você, seja no esporte ou no mundo corporativo, está se preparando para essa revolução?

 

rodolfo

 

 

Rodolfo Carvalho
CEO da Incentivar

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